quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

A PRIMEIRA LAPA


As três Lapas

Na memória paroquial o Prior de Vila do Conde pareceu dar a entender que a invocação da Senhora da Lapa era recente na Capela de São Bartolomeu, mas uma referência documental de 1738 já associa esta capela à Senhora da Lapa.
O mesmo nome de lapa, porém, aponta para três fases de devoção diferentes.
A primeira seria a que precedeu a pregação do Pe. Ângelo de Sequeira, a segunda a que se seguiu a ela e a terceira a que sucedeu à anterior, depois que foi esquecida a pregação daquele sacerdote.
Chamamos-lhes as três Lapas[1].
A primeira teve necessariamente origem em Sernancelhe, fonte donde se espalhou essa devoção por Portugal e colónias e mesmo para Espanha. Nessa divulgação teve lugar especial a pregação dos jesuítas.
A segunda, que explanaremos à frente, deve-se, como foi dito, ao Pe. Ângelo Sequeira.
A terceira caracteriza-se por identificar a lapa com a Lapa de Belém, do Presépio, com a consequente devoção ao Deus-Menino e à Sagrada Família.

A primeira Lapa

Copiamos do site do Santuário da Lapa em Sernancelhe a lenda que terá originado a devoção à Senhora da Lapa:

Diz a lenda que, em 1498, uma pastorinha de doze anos, de nome Joana, muda de nascença, introduzindo-se por entre as fendas das rochas encimadas pela grande lapa, aí encontrou uma linda imagem da Virgem, que ali teria sido escondida há mais de quinhentos anos por umas religiosas fugindo a uma perseguição.
A devoção e todo o carinho que a menina dedicou à imagem valeram-lhe uma especial protecção da Virgem que por milagre lhe concedeu o dom da fala.
Depressa se divulgou o milagre, originando uma crescente afluência de peregrinos jamais interrompida até aos dias de hoje.
Os primeiros devotos prepararam uma gruta debaixo da lapa, onde entronizaram a imagem, construindo ao lado uma pequena ermida.
Em 1576, a Lapa foi confiada aos Padres da Companhia de Jesus, sediados no Colégio de Coimbra. Estes construíram, então, o actual Santuário, abrigando a penedia no seu interior. Em 1685 iniciaram a construção do "Colégio da Lapa", contíguo ao Santuário.
Daqui partiu a devoção para os mais variados pontos do país e do mundo, chegando à Índia e ao Brasil. Esta expansão foi facilitada pela actividade missionária dos mesmos Padres Jesuítas, aos quais estava confiado este Santuário.
A Senhora da Lapa, em Portugal, e Santiago de Compostela, na Espanha, chegaram a ser, em tempos, os dois Santuários mais importantes da Península Ibérica.


Outra imagem de São Bartolomeu. A cruz pretende indicar que este apóstolo foi martirizado por crucifixão. Esta imagem deve ser a que precedeu a actual e por isso do tempo da colocação da talha neoclássica.


Página de rosto dum Missal Romano da Lapa de 1726.



O lintel desta porta tem a data de 1739. A casa, na actual Rua da Lapa, pertencia a Formariz, mas ficava próxima da antiga Capela de São Bartolomeu.




[1] Segundo o dicionário, lapa tem entre outros estes significados: “pequena gruta ou cavidade aberta na rocha” e ainda “laje que, sobressaindo, forma debaixo de si um abrigo natural”. São estes os significados a atribuir à palavra quer se pense em Sernancelhe quer na lapa do Presépio.

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